A vida é o mar onde todos os desejos se encontram e se afogam

A vida é o mar onde todos os desejos se encontram e se afogam

terça-feira, 6 de dezembro de 2011


A busca pela perfeição faz parte de nossas caminhadas, e a perfeição do amor sempre é encontrada no primeiro até que deixe de o ser. Porque nada é uno no mundo em que vivemos, embora assim sonhamos, assim queremos acreditar. Tal como os pedidos dos finais felizes de Hollywood e que só eles dão de forma espetacular. Mas assim lembremos que Romeu e Julieta eram muito jovens e que embora não "final feliz", mas tão irreal quanto, mostra um amor que é capaz de atraversar as portas da vida para se unirem em morte. Assim é o amor real quando é primeiro, mas quando ultrapassa o risco da morte e apenas segue-se vivendo, eis que tudo muda e se vive aspirando encontrar algo tão sublime e perfeito que existe apenas em Deus.



É tão improvável encontrar-se com o Self como encontrar um amor que suporte o tempo e o espaço, um amor que não deixe de ser ágape, mas subretudo é eros. No entanto a persistência e a insistência de encontrar-se consigo mesmo segue também o anseio da união em amor com uma pessoa perfeita para nós. Pois deveriamos pensar, que não sendo perfeitos jamais encontraremos alguem perfeito para nós e talvez é este o grande erro com que nos faça enxergar os amores passageiros de forma tão negativa. Afinal vivemos sob a pressão de Cronos e não há nada que suporte a pressão do tempo, não há nada que resta sem ceder a suas mudanças, e muitas vezes achamos que isto é muito bom... mas quando se fala em amor as coisas realmente mudam.

Deveriamos já ter nos acostumados com um novo que sempre é semelhante ao anterior quando se chega o tão rejeitado "final". Mas vamos ao novo com a mesma sede ao pote quanto o anterior, com a mesma ingenuidade, embora no inicio se possa fazer-se de dificil. Isso faz com que todo final seja sofrido de forma una e profunda, faz com que possamos aprender sempre mais, então em nome de um crescimento espiritual realmente nunca devemos nos acostumar com o novo e agir sem magia, sem paixão, sem acreditar e sonhar que esse pode ser o certo.


Mas quando a consciência se aguça, encontramos a verdade que doi, não há o certo e nunca haverá, há apenas alguem que algo superior, como Deus ou qualquer outro nome que queira chamar, colocou em seu caminho para aprender e ensinar, mas para que esse aprendizado seja garantido é preciso haver ilusão, pois se não houvesse jamais mergulhariamos em mar sabendo que nos afogaremos.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

LIVROS

quinta-feira, 31 de março de 2011

Boneca da peça



Eu era apenas uma garota cheia de dentes brancos
Com meias grandes e cabelos curtos cobrindo os olhos astutos
Apenas um par de pés afundando no gelo do asfalto
O vento esvoaçando minhas pesadas vestes
Quando minhas pernas curtas tentavam grandes passadas

Era apenas uma canção uivando na mata do sertão
Uma borboleta em meio à estrada, prédios e caminhões
Fios de cores hamônicos entre tecidos ásperos

E saltitava entre as terras barrentas como se sob as nuvens
Fosse encontrar sabão, trazendo para o peito os chiados dos animais
Gritando de revolta quando se estufava o ventre, rugindo entre dentes
os sentidos mais profundos, libertando-os com grandes e graves risos

Eu era apenas dois dedos no urso de pano, fazendo-o entrar num salão
E explodir em brandos seus sonhos mais loucos, apenas a voz estrunchada, meiga
ou calma, a voz de um personagem na tv.

Eu sempre fui uma atriz num palco grande demais para me perceber.

Miragem



Êxtase!É tua miragem aparecendo nas minhas sombrias manhãs
Vento forte, neve caindo, teus pés a correr pelo deserto branco de algodão
As ondas dos teus cabelos afogando o semblante de teu sorriso
Movimento repartido, apagado nas sombras da janela de grade.

Suspiro na tentativa de recobrir algum refrescor na noite de fogo
Queimando toda sua beleza e transformando a miragem em águas
Que deslizaram sobre meu semblante seco.

E quando o peso da vida me recai sobre as palpebras
Reencontrar no sono teu olhar de fogos explodindo em cores no céu preto
Tornando-o arco-ires em meio a trovoadas dos meus nebulosos dias

Redemoinho de tensões, me espeta o peito a vontade de criar asas
Revolver meus passos e encontrar permissão para reviver-te
Mas aonde estás?Fui no jardim e ele se tornou pedra de asfalto
Não havia mais cheiro de terra gelada, minhas mãos já eram gastas
E não havia nem caminho, nem sorriso, nem fulgor
Eram apenas o que eram, e o que eram era mais forte do que se tornou.

Não há mais miragem em minhas noites, o sonho se desfez quando abri os olhos
Nada fora tão êxtasiante no passado, era apenas eu que instalei o êxtase onde havia dor.